22.6.09

Da similaridade entre caça e caçador

Antes mesmo de você levantar seus olhos pra mim, eu já sabia como ia ser o seu olhar. Ia ser aquele que eu mais repudio: aquele que transborda covardia. E você sabe que eu aceito tudo menos covardia. Porque ela é o motor de todas as coisas desprezíveis: a mentira, as acusações sem fundamento, as fugas.
Era como se fossemos bichos: eu, o predador e você, o cervo, a zebra ou qualquer outro bicho inofensivo. Não, inofensivo não, porque o instinto de sobrevivência, além de lhe proteger, joga o outro aos leões. E você me jogou aos leões sem piedade. Claro, era o caminho mais fácil pra você. Quer dizer, mais fácil entre aspas, porque suas atitudes tapam o sol com a peneira. Afinal de contas, melhor logo dar a cara a tapa e aceitar a questão, já que o que não tem remédio remediado está.
Eu penso em uma maneira eficaz de mudar o cenário, quebro minha cabeça e não chego a nenhuma conclusão. Porque, na realidade, não sou eu quem tem que mexer um dedo sequer. São vocês. Ou talvez nem façam nada mesmo, fiquem aí sugando um a alma do outro, até não sobrar ninguém pra contar história.
E eu vou estar aqui, olhando tudo de camarote, rindo e me divertindo. Eu quero ver o circo pegar fogo.