30.3.09

Paciência

Paciência. Tem ciência no nome. Será que, de tão difícil de encontrar, é realmente um estudo or something? Tem curso? Mestrado? PhD?

- O que você estuda?
- Ah, eu tentei vestibular pra paciência, mas não passei, aí resolvi fazer jornalismo mesmo...

É complicado, viu?

24.3.09

Palavra (e imagem) (en)cantada(s)


"Me atirava do alto na certeza de que alguém segurava minhas mãos
Não me deixando cair
Era lindo, mas eu morria de medo
Tinha medo de tudo quase
Cinema, parque de diversão, de circo, ciganos

Aquela gente encantada que chegava e seguia
Era disso que eu tinha medo
Do que não ficava pra sempre"

Pra quem conhece os versos e viu o filme, acho que não preciso falar mais nada.
O documentário traz um elenco escolhido com imensa sabedoria, de Chico a BNegão. Lirinha, Adriana Calcanhotto, Black Alien, Jorge Mautner, Arnaldo Antunes, etc. Todos eles ligados à palavra escrita e/ou cantada como forma de narrativa, como expressão da alma, da realidade particular e onírica de cada um. As obras de cada um deles parecem ter uma aura que leva seus significados pra algum espaço (físico e temporal) longe daqui, pra trás daqui. É uma gente que acredita no peso das palavras. Que reconfortante ver que eles existem. É o que me motiva na vida, a palavra, ainda mais se estiver acompanhada de imagens.
Mas, que angústia. Essa gente tá se acabando. Sumindo. Tenho medo da gente encantada que não fica pra sempre. Que saudade do que não vivi, da motivação que não tive, das ideias que não vi nascerem.
Que dor.

17.3.09

"A montanha insiste em ficar lá, para lá, parada, parada" ou "Eu tenho 14 anos"

Faz parte de uma fase (boba) da vida tentar desconstruir valores socialmente transmitidos para nós. Ou talvez isto até denote uma boa capacidade de análise e reflexão sobre o comportamento automático do homem. Mas olha, tem coisa que não há santo que mude. Acendam isqueiros, chamem os violinos e as pétalas de rosas porque eu vou te dizer: uma vez firmemente construído, um sentimento é difícil de ser quebrado.

Penso que sempre julgamos erroneamente nosso preparo emocional. Fazemos de tudo para enterrar algumas coisas que são facilmente trazidas à superfície com meia dúzia de acordes, ou então com um cheiro. Crisis avoided? Porra nenhuma. Não adianta, cave o quanto quiser, o sentimento volta.

Pareço andar pra trás em alguns momentos, quando me pego descobrindo coisas como se fosse criança, como se ainda tivesse 14 anos de idade (pra mim, essa é a idade-chave quando começam os questionamentos profundos) e tivesse tido a epifania de que a dor tá aí, a todo momento.

Aprendi que lembranças voltam, querendo ou não. Consigo até visualizá-las como ondas. Às vezes é marola. Às vezes é ressaca. De quanto tempo vou precisar pra não tomar um caixote quando elas vierem novamente?